José de Alencar: medíocre ou consagrado?

Retrato da escravidão, o escritor José de Alencar, e obra dele sobre o assunto

"José de Alencar era um escritor quando muito medíocre". A assertiva é feita pela revista Veja, em sua última edição, em matéria não assinada. O assunto em questão era o relançamento de um texto de 140 anos trás, publicado agora sob o título "Cartas a Favor da Escravidão" (Hedra, 160 páginas, 18 reais). Nele, o escritor cearense defende ideais escravagistas, o que faz dele "um ser humano abominável", segundo Veja.

Defender a escravidão não torna ninguém gente boa, mas sem nem querer lembrar o contexto social de meados do século retrasado, a revista mais lida do Brasil parece ter pegado pesado com o autor de Iracema e O Guarani, entre outros. A própria Veja, em 1994, publicou na internet uma matéria sobre "os melhores livros do Brasil", apontados em enquete por "quinze intelectuais de porte do país", cada elegendo vinte livro. José de Alencar foi citado por seis dos quinze. Iracema figurou entre os vinte livros com mais votos.

Mas os "intelectuais de porte" de Veja podem estar errados, e o autor fantasma da revista, coberto de razão quando chama Alencar de "escritor medíocre". Vejamos então o que pensa Machado de Assis, escritor festejadíssimo pela mesma Veja algumas semanas atrás. Fundador da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis foi o primeiro ocupante da cadeira número 23, cujo patrono escolhido era — adivinhem! — José de Alencar.

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