O Diário do Nordeste de hoje teve uma chamada de capa que chamava atenção para a repercussão tida por uma matéria sobre o extermínio de cães abandonados em câmaras de gás no Crato, publicada pouco mais de um mês atrás pelo veículo. Veja abaixo o detalhe da primeira página da edição de hoje do DN.
O título da matéria interna tinha o mesmo impacto: "Sacrifício de cães repercute mundialmente". O assunto foi discutido na ONU? Vários jornais de diversos países falaram sobre o assunto? Não.
Antes de dizer o que de fato ocorreu (de acordo com o próprio jornal), vamos ao significado de mundial — afinal as palavras são instrumentos dos jornalistas, e como para todo profissional, é importante saber usá-los. Mundial, dizem os dicionários, quer dizer "relativo ao mundo; que interessa a todo o mundo; espalhado por todo o mundo; geral".
Pois os tais repúdio e repercussão mundial não foram assim tão "relativos ao mundo". O assunto também não teve mostras de ter "interessado a todo o mundo". Muito menos "espalhou-se por todo o mundo". Nem foi "geral". Tudo se restringiu a uma pequena entidade protetora dos animais italiana sediada em Milão, a Organizzazione Internazionale Protezione Animali (Organização Internacional de Proteção Animal) — Oipa. Não passou disso, como informa o DN.
Para confirmar a importância da Oipa, o jornal diz que a entidade é "filiada à ONU". Na verdade, a organização é associada ao Departamento de Informação Pública da Organização das Nações Unidas, que fornece informações a ONGs sobre os trabalhos da ONU, para essas informações (da ONU) serem levadas ao público dos projetos de comunicação dessas ONGs.
A repercussão mundial parou na Oipa. Provavelmente deverá parar por lá. Infelizmente para o jornalismo. Mais ainda para os animais.
Um comentário:
Humbert. Manda ver...
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