
Nessa mesma página, mais abaixo, uma notícia sobre um caso que havia impressionado (e devidamente sido esquecido alguns dias depois): um homem arrastado por um carro até a morte, fato ocorrido em Juazeiro do Norte. Em "Acusado de crime se entrega, mas é solto", lê-se que o acusado apresentou-se à polícia e confessou o homicídio. A foto (abaixo), também de J. Luís, também passa emoção: o sorriso do criminoso, bem à vontade num posto da PM, o qual não ficou preso "por não haver ordem de prisão contra ele".

Numa discreta nota curta, "Ancião morre ao ser colhido por uma viatura", a foto não tem crédito nem está disponível no site do DN: nela se vê, ao fundo, seu objeto principal, o corpo de um homem morto, atropelado, coberto por um plástico; e, em primeiro plano, o veículo que o atropelou, uma Parati prata de placa oficial. Era uma viatura da Polícia Militar. A nota informa que a vítima "não teria ouvido a buzina". Ao ler isso, pode-se concluir que, se o motorista buzinou...
Falando de jornalismo, comentários rápidos sobre as três matérias (que eu não tenho cacife para fazer análise). Na verdade, é a velha lista de perguntas que deveriam ter sido feitas, mas não foram — um problema cada vez mais comum no jornalismo... 1) No caso da mulher presa: quem pagou a advogada?, como essa mulher vivia?, a polícia não poderia tê-la libertado depois de algumas horas? 2) No caso do criminoso solto: não era possível a polícia impedir que o homicida confesso continuasse livre, com todas os riscos que essa liberdade implica? 3) No caso do idoso atropelado pela viatura: como assim "não teria ouvido a buzina"!?
O que a tal página 13 do primeiro caderno informa é mais que as notícias que traz impressas pura e simplesmente. Ela mostra o estado em que vivemos, onde uma mulher grávida fica três dias (e ficaria mais) presa por roubar uma lata de leite de R$ 6,30, onde um assassino confesso e procurado ri escorado na mesa da polícia e vai embora porque ninguém mandou prendê-lo, onde se morre atropelado por não se ter ouvido a buzina.
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