Ao ler a transcrição dos discursos da ocasião no Diário do Senado Federal, observei uma atitude no mínimo inusitada do presidente da sessão, o senador cearense Inácio Arruda: ele deixou a cadeira da presidência durante o discurso de Dom Edmilson. Espera-se que por razões mais importantes do que a recusa de ouvir a fala do corajoso homem que ocupava a tribuna.
Veja abaixo a transcrição das considerações finais do discurso de Dom Edmilson e as anotações da secretaria do Senado sobre a presidência da sessão:
"Senhores e Senhoras, sinto-me, primeiro, perplexo; depois, decidido. A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi Dom Helder Câmara. Não representa. Desfigura-a, porém. Sem ressentimentos e agindo por amor e por respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la. (Palmas.). Ela é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, à cidadã contribuinte para o bem de todos, com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho. É seu direito exigir justiça e equidade em se tratando de honorários e de salários também. Se é seu direito e eu aceitar, estou procedendo contra os Direitos Humanos. Perderia todo o sentido este momento histórico. O aumento a ser ajustado deveria guardar sempre a mesma proporção que o aumento do salário mínimo e da aposentadoria. Isso não acontece. O que acontece, repito, é um atentado contra os direitos humanos do nosso povo.
A atitude que acabo de assumir, assumo-a com humildade. Assumo-a com humildade. Sem pretensão a estar dando lições a pessoas tão competentes e tão boas. A todos suplico compreensão e a todos desejo a paz com os meus sinceros votos e uma oração por um abençoado e feliz Natal e um próspero e feliz Ano Novo.
Deus seja bendito para sempre! Muito obrigado. (Palmas.).
[Durante o discurso do Sr. D. Manuel Edmilson da Cruz, o Sr. Inácio Arruda deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. José Nery.]"
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