A tragédia no Rio e as capas de jornal

A tragédia na Escola Municipal Tasso da Silveira, na cidade do Rio de Janeiro, ontem, foi manchete do dia de quase todos os jornais brasileiros desta sexta-feira — bem como em outros países. Quando se leva um assunto como um massacre à primeira página de um jornal, é de se esperar um festival de fotos fortes e lugares comuns, sem falar nas infames capas de mau gosto — o que não deixou de se ver, mesmo quando as vítimas foram exclusivamente crianças. Abaixo, a seleção de algumas primeiras páginas de hoje:

DIFERENCIAIS

Pelo menos três jornais fugiram da criação fácil de uma primeira página para o tema. O Diario de Pernambuco veio com a manchete "12 mortos; 190 milhões de feridos", acima da transcrição da carta deixada pelo assassino Wellington Menezes de Oliveira. Mas outros dois jornais foram verdadeiramente diferenciais: o cearense O Povo e o Jornal de Santa Catarina. O jornal de Fortaleza, com uma ilustração artística (apesar do pouco significado que papel amassado tem para o fato, a não ser sua sombra desenhando o Cristo Redentor), chama para uma abordagem criativa: "Como falar sobre a tragédia do Rio com as crianças". Já o jornal catarinense trouxe na primeira página uma ilustração com traços infantis e uma frase que a descreve: "Escola é assim". Não precisou de fotos com sangue nem de frases feitas para dizer sobre o que estava falando.

Diario de Pernambuco (Recife-PE)

O Povo (Fortaleza-CE)
Jornal de Santa Catarina (Blumenau-SC)


MAU GOSTO


Os jornais populares, por outro lado, não deixaram de lado o sangue em suas primeiras páginas. E se acharam pouco o que havia nos registros fotográficos da tragédia, ainda incrementaram com arte — se é que podemos chamar assim. Os exemplos são do carioca Extra e do paulistano Diário de S. Paulo.

Extra (Rio de Janeiro-RJ)


Diário de S.Paulo (São Paulo-SP)

INTERNACIONAIS


Pelo menos cinco dos grandes jornais do mundo falaram da tragédia do Rio em suas primeiras páginas com destaque, trazendo a chamada com a principal foto da capa. Os argentinos Clarín e La Nacion falaram de massacre. O espanhol El País errou no número de crianças mortas, mas não deixou de destacar a notícia — ao contrário dos jornais de Portugal. O inglês The Guardian tratou o assunto como um dos dois mais importantes da edição e foi criativo no título da chamada. O americano The Wall Street Journal utilizou a expressão "shooting spree" ("farra de tiros", numa tradução livre), como são chamados nos EUA acontecimentos como o de ontem, já ocorridos algumas vezes naquele país.


Clarín (Argentina) - Comoção no Brasil: 12 crianças massacradas em escola do Rio de Janeiro


La Nacion (Argentina) - Massacre em colégio do Rio: 13 mortos


El País (Espanha) - Homem assassina a tiros 11 crianças em escola do Rio


The Guardian (Reino Unido) - Ele veio dizendo que daria uma palestra na escola. Depois ele matou 12.


The Wall Street Journal (EUA) - Ex-aluno mata 12 crianças em "farra de tiros" em escola do Rio

[2412]

Nenhum comentário: