Três semanas atrás, o cronista Roberto Pompeu de Toledo, da revista Veja, falou dos nomes mais comuns na lista do aprovados no vestibular da Fuvest, de forma a demonstrar que nomes deverão ser comuns entre as pessoas mais importantes do país daqui a 30, 40, 50 anos.
Resolvi fazer levantamento semelhante, mas não tive sucesso em encontrar a lista dos chamados na primeira lista dos aprovados da UFC (que não tem mais vestibular). Tive de me contentar com a lista da segunda chamada, com seus 2.130 nomes.
Aqui os nomes mais vistos na lista são Maria (95 vezes, 53 vezes como primeiro nome e 42 como segundo), Francisco (75 vezes, contando com 1 Antônio Francisco), José (57 vezes, 50 como primeiro nome e sendo o segundo nome de 1 Alfredo, 1 Cícero, 3 Franciscos, 1 Hermano e 1 Kaio), e Ana (46 vezes apenas na forma tradicional de escrita).
Na análise das Marias, vemos que as de Lourdes, de Fátima e do Socorro estão raras: só há uma representante de cada. Nenhuma Maria era só Maria. A dupla mais comum é Isabel (2) / Izabel (1). Há ainda uma Anamaria, uma Mariah e uma Mary.
Os Franciscos sozinhos, por sua vez, são os mais comuns, ainda que, dos 5 encontrados, 3 sejam homenagens ao pai (2 Juniors) ou ao avô (1 Neto). Os compostos mais comuns formam-se com José (3) e Tiago (1) / Thiago (2).
Os Josés desacompanhados de outros prenomes são 4, dos quais 1 Neto e 2 Juniors. A única dupla de nomes a se repetir na lista foi Davi (1) / David (1).
Já com as Anas, quanta variação... Além das 46 Anas puras, estão na lista mais 5 Annas, 3 Annes, 1 Anny e 1 Anita. Na formação de nomes compostos, Ana na forma pura sempre é o primeiro nome, sendo Ana Paula a combinação mais comum, com 5 casos. Já as variações de Ana aparecem duas vezes como segundo prenome: Dedy Anne e Gleyce Anny.
Conclusão do trabalho: lá pelo ano 2030 os nomes de pessoas importantes não deverão ser tão diferentes do que vemos hoje. Teremos uma presidente Maria Isabel, um governador Francisco José, uma prefeita Ana Paula, um desembargador José Junior.
E os nomes considerados "antigos" continuam a aparecer na lista da UFC. Ainda podem ser vistos na lista Adelaide, Adolpho, Alzira, Amália, Bartolomeu, Benedita, Benedito, Cleide, Danuza, Leôncio, Leonor, Luzia, Madalena, Nazaré, Teófilo...
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A tragédia no Rio e as capas de jornal
A tragédia na Escola Municipal Tasso da Silveira, na cidade do Rio de Janeiro, ontem, foi manchete do dia de quase todos os jornais brasileiros desta sexta-feira — bem como em outros países. Quando se leva um assunto como um massacre à primeira página de um jornal, é de se esperar um festival de fotos fortes e lugares comuns, sem falar nas infames capas de mau gosto — o que não deixou de se ver, mesmo quando as vítimas foram exclusivamente crianças. Abaixo, a seleção de algumas primeiras páginas de hoje:
DIFERENCIAIS
Pelo menos três jornais fugiram da criação fácil de uma primeira página para o tema. O Diario de Pernambuco veio com a manchete "12 mortos; 190 milhões de feridos", acima da transcrição da carta deixada pelo assassino Wellington Menezes de Oliveira. Mas outros dois jornais foram verdadeiramente diferenciais: o cearense O Povo e o Jornal de Santa Catarina. O jornal de Fortaleza, com uma ilustração artística (apesar do pouco significado que papel amassado tem para o fato, a não ser sua sombra desenhando o Cristo Redentor), chama para uma abordagem criativa: "Como falar sobre a tragédia do Rio com as crianças". Já o jornal catarinense trouxe na primeira página uma ilustração com traços infantis e uma frase que a descreve: "Escola é assim". Não precisou de fotos com sangue nem de frases feitas para dizer sobre o que estava falando.
DIFERENCIAIS
Pelo menos três jornais fugiram da criação fácil de uma primeira página para o tema. O Diario de Pernambuco veio com a manchete "12 mortos; 190 milhões de feridos", acima da transcrição da carta deixada pelo assassino Wellington Menezes de Oliveira. Mas outros dois jornais foram verdadeiramente diferenciais: o cearense O Povo e o Jornal de Santa Catarina. O jornal de Fortaleza, com uma ilustração artística (apesar do pouco significado que papel amassado tem para o fato, a não ser sua sombra desenhando o Cristo Redentor), chama para uma abordagem criativa: "Como falar sobre a tragédia do Rio com as crianças". Já o jornal catarinense trouxe na primeira página uma ilustração com traços infantis e uma frase que a descreve: "Escola é assim". Não precisou de fotos com sangue nem de frases feitas para dizer sobre o que estava falando.
Diario de Pernambuco (Recife-PE)
O Povo (Fortaleza-CE) Jornal de Santa Catarina (Blumenau-SC)
MAU GOSTO
Os jornais populares, por outro lado, não deixaram de lado o sangue em suas primeiras páginas. E se acharam pouco o que havia nos registros fotográficos da tragédia, ainda incrementaram com arte — se é que podemos chamar assim. Os exemplos são do carioca Extra e do paulistano Diário de S. Paulo.
Diário de S.Paulo (São Paulo-SP)
INTERNACIONAIS
Pelo menos cinco dos grandes jornais do mundo falaram da tragédia do Rio em suas primeiras páginas com destaque, trazendo a chamada com a principal foto da capa. Os argentinos Clarín e La Nacion falaram de massacre. O espanhol El País errou no número de crianças mortas, mas não deixou de destacar a notícia — ao contrário dos jornais de Portugal. O inglês The Guardian tratou o assunto como um dos dois mais importantes da edição e foi criativo no título da chamada. O americano The Wall Street Journal utilizou a expressão "shooting spree" ("farra de tiros", numa tradução livre), como são chamados nos EUA acontecimentos como o de ontem, já ocorridos algumas vezes naquele país.
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