Um bedel para a Câmara dos Deputados

Roberto Pompeu de Toledo costuma fazer leituras bastante coerentes da realidade brasileira. Em meio a sua argumentação, suas descrições simples, temperadas com humor inteligente, são para ser guardadas. Nesta semana, no espaço que escreve quinzenalmente na revista Veja, entre outros assuntos, ele fala da ideia de a Câmara dos Deputados ter um bedel. Leia a seguir o que Toledo pensa sobre a disciplina dos parlamentares em seu local de trabalho, num trecho de seu texto "Crônica parlamentar":

"Nenhuma reforma política será bem-sucedida sem a instauração da figura do bedel na Câmara dos Deputados. [...] Em atenção às novas gerações, bedel era o funcionário encarregado de manter a disciplina entre os alunos. Alguns deles tinham inclusive a função de capturar gazeteiros, o que também seria oportuno, neste novo caso. Na Câmara, o clima lembra muitas coisas, menos um ambiente de trabalho. As pessoas preferem ficar de pé. Algumas rodam pelo salão. Outras formam rodinhas, como nas recepções e nos velórios. Reunidas numa sala de aula, conformariam o pesadelo do professor. [...] Só raríssimas vezes se presta atenção em quem está discursando. Continua-se a conversar, a rir e a falar ao celular. A Câmara foi feita para sediar o debate dos grandes temas nacionais. Ainda que as pessoas ali reunidas tivessem interesse nos grandes temas nacionais, e capacidade intelectual para enfrentá-los, o que é duvidoso, como fazê-lo em tal balbúrdia? Nenhuma empresa funcionaria desse jeito. Nenhum ministério."

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