O primeiro desses encontros já se dá aos cinco minutos da série, quando uma psiquiatra de look relativamente moderno atende uma jovem com a cabeça envolta em véu. O encontro entre o moderno e o tradicional, o novo e o velho, o suave e o violento, o agradável e o odioso, muitas vezes redundando em estereotipados "certo" e "errado", inaugura-se com essa sessão de terapia. Mas essas dicotomias não redundam numa dramaturgia bidimensional.
Assistimos exatamente ao contrário, e é isso que a série tem de magnética: os personagens são multidimensionais em suas inúmeras camadas de sentimentos, que são revelados - ou apenas presumidos (correta ou equivocadamente?) - à medida que conhecemos como eles interagem com as situações da vida e seus segredos, desejos e contrariedades. É fascinante reconhecer a vida real num bom programa de TV, assim como pode ser de certa forma doloroso.
Em "8 em Istambul", vamos criando afinidades, julgando, perdoando e nos vendo obrigados a pedir desculpas aos personagens, até um encerramento em que também é possível ver sinais de redenção, se considerarmos que a vida não é uma série de streaming.
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